A fertilidade começa no prato: O papel da nutrição na saúde reprodutiva
A fertilidade é influenciada por uma complexa interação entre fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais
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Publicado em 07/05/2025 20:25
Opinião
Virgínia Marques | Nutricionista especializada em Fertilidade e Gravidez

 

A fertilidade começa no prato: O papel da nutrição na saúde reprodutiva

 

A fertilidade é influenciada por uma complexa interação entre fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. Entre estes, a nutrição destaca-se como um determinante modificável, com impacto direto na função reprodutiva de homens e mulheres. Para casais que estão a tentar engravidar, adotar uma alimentação equilibrada pode não só aumentar as probabilidades de conceção como também contribuir para uma gravidez mais saudável.

Manter um peso corporal saudável é igualmente importante. O excesso de peso pode afetar o equilíbrio hormonal e a ovulação nas mulheres, enquanto nos homens está associado a uma menor qualidade do sémen. Por outro lado, o baixo peso também pode comprometer a fertilidade, sendo essencial encontrar um equilíbrio nutricional.

Uma nutrição adequada é importante para a maturação folicular, para a ovulação e para a regulação hormonal. A escassez ou o excesso de certos nutrientes pode comprometer a saúde reprodutiva. A exposição a dietas nutricionalmente muito pobres ou com excesso calórico pode levar a ciclos anovulatórios, desregulação hormonal piorando a infertilidade feminina.

Nos homens, a formação de espermatozoides é igualmente sensível ao estado nutricional. Fatores como baixos níveis de zinco, vitamina D, e antioxidantes estão associados a uma redução dos parâmetros espermáticos.

Estudos demonstram que um padrão alimentar rico em açúcares refinados, gorduras saturadas e hidrogenadas muito presentes em alimentos ultraprocessados, está associado a uma menor taxa de fertilidade.

Outro fator a considerar é o stress oxidativo. Este é um dos principais mecanismos com implicação negativa na função ovárica e na deterioração da qualidade dos espermatozoides. Antioxidantes como as vitaminas C e E, selénio, zinco, e compostos fenólicos presentes em frutas e vegetais, têm um papel protetor contra os danos celulares.

Padrões alimentares como a dieta mediterrânica têm mostrado associações positivas com a fertilidade. Este padrão alimentar, caracterizado por uma elevada densidade nutricional, elevado teor de ácidos gordos monoinsaturados (como o azeite), antioxidantes naturais e fibra alimentar, favorece o equilíbrio hormonal, reduz a inflamação sistémica e promove uma microbiota intestinal saudável, fatores que influenciam diretamente a função reprodutiva.

A OMS, no seu último relatório sobre fertilidade, incluiu o estilo de vida, a obesidade e consumo excessivo de álcool como fatores que afetam a fertilidade. A evidência científica atual mostra que a nutrição tem um papel central na promoção da fertilidade.

Assim sendo, uma alimentação variada, rica em nutrientes essenciais e pobre em substâncias inflamatórias ou tóxicas, é um pilar fundamental para quem deseja conceber. Idealmente, estas mudanças devem ser iniciadas alguns meses antes da conceção, permitindo ao organismo criar um ambiente propício para o início da vida. Procurar o acompanhamento de um nutricionista pode ser um passo determinante neste processo.

 

Virgínia Marques,

Nutricionista especializada em Fertilidade e Gravidez

 

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