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Alentejo vai ter o primeiro grande santuário para elefantes da Europa
Por Administrador
Publicado em 07/11/2025 10:01 • Atualizado 07/11/2025 10:02
País
Pangea

Alentejo vai ter o primeiro grande santuário para elefantes da Europa

Maior refúgio da Europa para elefantes reformados recebe primeiros animais no início de 2026. Espaço no Alentejo poderá acolher até 24 animais vindos de zoos e circos de todo o continente. 

O primeiro grande santuário da Europa para elefantes que viveram em cativeiro está a nascer nos concelhos de Vila Viçosa e Alandroal, com a chegada dos primeiros animais prevista para o início de 2026, divulgaram esta quinta-feira os promotores. Kariba, um elefante-africano fêmea deve inaugurar o espaço, foi anunciado em conferência de imprensa em Vila Viçosa.

Depois de viver 40 anos em cativeiro, em jardins zoológicos na Alemanha, nos Países Baixos e na Bélgica, Kariba, que nasceu no Zimbabué e viajou, ainda bebé, para a Europa nos anos 80 do século passado, terá uma nova casa no Alentejo. Desde 2022 que Pakawi, o zoo belga onde vive atualmente, procurava um lugar para que Kariba não ficasse sozinha depois de o seu companheiro morrer. Agora, encontrará outros “amigos” nos 402 hectares que estão a ser preparados para acolher este espaço, o maior da Europa, para elefantes reformados. 

O santuário deverá acolher até 24 elefantes em fim de vida e/ou em cativeiro. O projeto foi divulgado pela primeira vez há cerca de três anos, mas a apresentação oficial só aconteceu esta quinta-feira à tarde.

Desenvolvido pela organização sem fins lucrativos Pangea, registada no Reino Unido e em Portugal, o projeto foi apresentado em Vila Viçosa, sendo que a câmara local bem como a de  Alandroal, ambas no distrito de Évora, são parceiras da iniciativa, apoiada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). 

Em declarações à agência Lusa, Kate Moore, diretora-geral da Pangea, explicou que a instituição comprou, em 2023, o terreno para instalar o refúgio e tem vindo a prepará-lo para os primeiros elefantes.

“Temos vindo a trabalhar na gestão do habitat, melhorando a qualidade do mesmo e assegurando que é tão diverso quanto possível”, disse. 



Desenho das estruturas já em construção do santuário para elefantes reformados no Alentejo

A fase de construção arrancou “há cerca de dois meses”, com a edificação “do primeiro celeiro e do primeiro recinto”, podendo estas obras “estar concluídas em dezembro”, revelou a diretora-geral, adiantando que estima “receber os primeiros elefantes no início de 2026, entre janeiro e março”.

Este projeto, considerando “pioneiro” pela Pangea, quer oferecer “cuidados vitalícios a elefantes reabilitados de zoos e circos de todo o continente” europeu e espera acolher “entre 20 a 30” animais, segundo Kate Moore.

“Vamos fazer muita investigação sobre o espaço de que os elefantes precisam e o que está a funcionar. Por isso, vamos avaliar constantemente esse número”, afirmou.

Em comunicado, a Pangea explicou que o projeto consiste em criar um espaço natural para “elefantes em situação vulnerável”, de forma que os animais possam “deslocar-se livremente, alimentar-se e socializar, tal como fariam no seu habitat selvagem”.

“Não estamos aqui para resgatar elefantes, mas para trabalhar com pessoas que já têm elefantes e que estão à procura de uma alternativa para esses animais”, explicou Kate Moore, dando como exemplo o caso de “elefantes que se encontram em países onde os circos foram proibidos de utilizar animais selvagens”.

Esses serão “elefantes prioritários para o santuário”, assim como animais provenientes “de jardins zoológicos que já não querem ter elefantes, mas não têm um local para onde os enviar”.

“Queremos ajudar esses circos, jardins zoológicos e governos a dar um lar a esses elefantes que já não têm onde viver, proporcionando-lhes um habitat natural por onde podem vaguear, com liberdade, mas ao mesmo tempo com cuidados veterinários e zootécnicos”, frisou.

Após a realização de um estudo de viabilidade à escala europeia, “Portugal foi selecionado pelas suas condições ideais de habitat e clima”, indicaram os promotores.

À Lusa, Kate Moore acrescentou que a propriedade escolhida no Alentejo foi considerada “a melhor pela sua topografia, colinas muito suaves e boas para os elefantes poderem andar, habitat muito diversificada e área privada e com muita água”.

De acordo com a diretora-geral da instituição sem fins lucrativos, que não quis precisar o investimento, mas admitiu ser “significativo” e resultante “de donativos feitos por organizações e pelo público”, a Pangea quer privilegiar a ligação com a comunidade local.

“Já estamos a trabalhar com algumas empresas locais e queremos criar mais parcerias e garantir que estamos também a empregar pessoas locais”, frisou, referindo que o projeto inclui especialistas em bem-estar e criação de elefantes, mas também vai ser ministrado “um programa de formação para desenvolver capacidades locais”.

Este primeiro grande santuário para elefantes na Europa não vai estar aberto ao público regularmente, mas Kate Moore admitiu que irão ser desenvolvidos ‘open days’ (dias abertos) anualmente, “selecionando pessoas da comunidade local e outras que doem para o projeto, através de um sorteio ou lotaria, para que possam visitar o espaço”. 

Lusa / Observador

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