Educação, Inovação e Comunidade | Sessão solene celebrou o percurso e projetou o futuro da Escola Superior de Educação do IPVC
Esperança, Compromisso e Comunidade marcam os 45 anos da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo
A Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo (ESE-IPVC) assinalou esta segunda-feira 45 anos de atividade com uma sessão solene que reuniu estudantes, docentes, alumni e parceiros institucionais. Mais do que uma celebração, o momento serviu para reafirmar o papel da Escola na formação de professores, gerontólogos e profissionais das artes, sublinhando o seu compromisso com a inovação pedagógica, a inclusão e o desenvolvimento humano e social do território.
“Celebrar os 45 anos da ESE-IPVC é celebrar um projeto de saber, de compromisso e de humanidade. 45 anos é tempo suficiente para formar muitas gerações, mas também para construir uma identidade, uma cultura, um legado”, afirmou Carla Faria, diretora da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo, na abertura da cerimónia comemorativa, que decorreu esta terça-feira à tarde.
Carla Faria destacou ainda que a procura pela oferta formativa da ESE-IPVC apresenta “valores reveladores da atratividade” da Escola, com uma taxa de ocupação acima dos 93%, o que permitiu à Escola “ultrapassar pela primeira vez a barreira dos 900 estudantes matriculados.”
Aproveitando a cerimónia de aniversário para olhar para o futuro, Carla Faria lembrou que “a demografia se impõe com uma força inexorável e que o risco de redução dos candidatos ditos tradicionais obriga a um repensar profundo e imediato sobre o público a servir, apontando o futuro da Escola a uma “abertura à aprendizagem ao longo da vida, à requalificação profissional, à inclusão de estudantes internacionais e à aprendizagem intergeracional”.
Possibilidade de alargar a formação ao 3.º ciclo e ao ensino secundário
Sublinhou ainda que “vivemos tempos complexos, incertos e desafiantes, onde tudo muda rapidamente e as instituições de ensino superior são desafiadas a manter-se coesas e, simultaneamente, a reinventar-se”.
Referindo-se à Inteligência Artificial, tema central da palestra com o professor Carlos Fiolhais, que se seguiria, destacou que “o acesso à informação deixou de ser um problema; agora, o verdadeiro desafio é transformar informação em conhecimento e conhecimento em sabedoria”. E acrescentou: “O nosso papel, enquanto Escola, não é competir com a tecnologia nem lhe resistir, mas educar para aquilo que nos torna irredutivelmente humanos: o pensamento crítico, a empatia, a criatividade, a integridade académica, científica e relacional, a capacidade de imaginar e de cuidar.”
A diretora da Escola reafirmou que a ESE-IPVC “é e deve continuar a ser um espaço de liberdade intelectual, rigor científico e compromisso ético”, destacando “a área da formação de professores, que encerra grande potencial, especialmente com a anunciada possibilidade de alargar a formação ao 3.º ciclo e ao ensino secundário”.
Por sua vez, o presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Carlos Rodrigues, felicitou a Escola “por 45 anos de trabalho excelente, reconhecido interna e externamente”, destacando “o papel decisivo da ESE na formação de profissionais qualificados e na criação de conhecimento científico aplicado ao desenvolvimento educativo e social do país”. Sublinhou que este percurso “acarreta responsabilidades e exige capacidade de adaptação aos novos tempos”, defendendo a importância de “reforçar a formação de professores e de perspetivar novas necessidades de qualificação, preparando e capacitando os recursos humanos”.
“O IPVC tem trabalhado para estar “preparado para responder com estratégia e visão a um tempo de mudanças profundas”, diz Carlos Rodrigues, presidente do IPVC
Na mesma linha, o presidente do IPVC, Carlos Rodrigues, afirmou que “a Inteligência Artificial vai mudar profundamente o ensino e o trabalho, mas também pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento do conhecimento e da aprendizagem”.
Carlos Rodrigues alertou ainda para os desafios demográficos e institucionais que se colocam ao ensino superior, nomeadamente “a redução do número de estudantes, a revisão do RJIES e a transição para universidades politécnicas”, sublinhando que o IPVC tem trabalhado para estar “preparado para responder com estratégia e visão a um tempo de mudanças profundas”.
Na cerimónia de aniversário, o vice-presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Manuel Vitorino, elogiou o “contributo decisivo da ESE-IPVC para a qualificação dos recursos humanos da região e do país”, destacando que “é indiscutível o contributo da Escola para o acesso ao conhecimento e para a valorização da ciência na vida coletiva”. Referiu ainda “os docentes e colaboradores que, ao longo destes 45 anos, deram corpo ao projeto e contribuíram para o que a Escola é hoje”, lembrando também “a abertura a novas áreas, como as artes, o cinema e a gerontologia”.
O autarca lançou ainda um desafio à reflexão: “Transformar conhecimento em sabedoria faz todo o sentido, e isso só se alcança cultivando virtudes como a tenacidade, a resiliência e a integridade, não apenas académica, mas sobretudo humana.” Destacou também que a Inteligência Artificial deve ser “utilizada como mais um recurso, e não como substituto dos docentes”.
A encerrar a sessão, o presidente da Associação de Estudantes da ESE-IPVC, André Silva, evocou “o quase meio século de crescimento, transformação e dedicação à formação de profissionais que mudam e constroem a sociedade”. Realçou “o caráter inclusivo da Escola e o diálogo constante entre a direção e os estudantes”, sublinhando que “a ESE-IPVC é uma escola viva, sem muros, mas com pontes, que inova, inclui e transforma”.
A cerimónia incluiu também a conferência “A IA e o futuro da educação e do trabalho”, proferida por Carlos Fiolhais, que abordou as implicações da Inteligência Artificial no ensino e na sociedade, numa intervenção descontraída, que prendeu a plateia do início ao fim. Numa mensagem de esperança, o convidado afirmou que “a máquina não é nada sem o ser humano” e, “apesar do momento de inquietude premente que se vive”, olhou para a plateia e disse ter esperança no futuro dos docentes, acrescentando que acredita que “os professores são melhores do que o ChatGPT”. A IA é uma “nova realidade e eu quero saber mais sobre ela. É uma ferramenta”, rematou.
Estudantes com as melhores médias homenageados
A comemoração dos 45 anos da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo incluiu um momento performativo protagonizado pelos estudantes Ana Luísa Araújo (clarinete), André Martins (saxofone), Francisco Oliveira (violino), Élin Matos (viola d’arco) e Ana Cardoso (violoncelo), alunos do CTeSP em Artes e Tecnologia e da licenciatura em Educação Básica.
A encerrar, atuou a VemTuna, a tuna da Escola Superior de Educação, e foram distinguidos os estudantes com melhor média de entrada: Jorge Gabriel Barbosa da Cunha (Educação Básica – 193,5 valores), Leonor de Jesus Bastos Rodrigues (Artes e Cinema Digital – 171 valores), Maria Margarida Abreu Ferreira (Artes Plásticas e Tecnologias Artísticas – 165,8 valores) e Mariana Esteves Afonso (Gerontologia – 151,3 valores). No final foram cantados os parabéns à Escola.
