Politécnico de Viana do Castelo constitui centro tecnológico para valorizar o setor agroalimentar
O 3AR – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia do Agroalimentar será formalmente constituído esta sexta-feira, num momento simbólico que marca o compromisso do Politécnico de Viana do Castelo e de um vasto conjunto de parceiros com a inovação, a sustentabilidade e a valorização dos recursos endógenos da região. O novo centro irá articular ciência, empresas e território para responder aos desafios do setor agroalimentar e promover o desenvolvimento coeso do Alto Minho.
A cerimónia de constituição da associação que dará corpo ao 3AR decorre esta sexta-feira, às 10h, na Escola Superior Agrária do IPVC (ESA-IPVC), em Ponte de Lima. A nova estrutura nasce da articulação entre o Politécnico de Viana do Castelo, os municípios de Ponte de Lima e Melgaço, a CIM do Alto Minho, o INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária) e os seus polos regionais, de Vairão e Braga, assim como um vasto leque de empresas, cooperativas, associações de produtores e entidades científicas.
O presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Carlos Rodrigues, explica que “existindo já no IPVC um Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade, o CISAS-IPVC, e um Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar, o NUTRIR-IPVC, instalado em Melgaço, assim como Polos de Inovação Regionais do INIAV, com experiência e desempenho histórico relevantes nos domínios do 3AR, sentia-se a necessidade de criação de uma estrutura mais vocacionada para a transferência de conhecimento, inovação e tecnologia para as empresas que produzem ou comercializam os produtos tradicionais da região.”
A realidade e os desafios existentes no campo do agroalimentar, acrescenta ainda o presidente do Politécnico de Viana do Castelo, “exigem ações que promovam sinergias capazes de aumentar a resiliência, a inteligência, a sustentabilidade e, em consequência, a competitividade e o valor do território.”
Um centro feito em rede para responder aos desafios do agroalimentar
Por sua vez, o coordenador do 3AR (Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia do Agroalimentar – CVTT), o docente do Politécnico de Viana do Castelo, Nuno Vieira e Brito, afirma que este Centro pretende “afirmar-se como uma referência internacional na valorização e na transferência de tecnologia no setor agroalimentar, com enfoque nos Sistemas Agroambientais e na Alimentação, em especial na produção e valorização de produtos endógenos e na sua relação com o desenvolvimento do território e a qualificação ambiental.”
Objetivos e modelo de funcionamento do 3AR
Este CVTT assume-se, desta forma, como uma infraestrutura de ligação entre ciência, tecnologia e empresas, com uma atuação multifuncional, assumindo os seguintes objetivos:
• dinamizar atividades de investigação, desenvolvimento e inovação (I&D&I);
• integrar e aplicar conhecimento científico e tecnológico em projetos de empreendedorismo e crescimento económico;
• promover soluções tecnológicas inovadoras com impacto no mercado;
• qualificar recursos humanos, academicamente e profissionalmente, em função das necessidades das comunidades e empresas;
• e fornecer produtos e serviços especializados de elevado valor no setor agroambiental e alimentar.
A atividade do 3AR assenta em três domínios interligados:
• Alimentação e Gastronomia, “sustentada num laboratório de inovação e empreendedorismo para o setor agroalimentar (GastroLAB), numa das regiões com mais tradição e produtos qualificados, promovendo a inovação da cadeia de valor de forma sustentável, entre origem, território e criação de valor”;
• Recursos Endógenos, “com especial enfoque na valorização das raças e variedades autóctones, promovendo a conservação da agrobiodiversidade vegetal e animal e a proteção de espécies nacionais”;
• Território e Sustentabilidade, “dedicado à valorização do capital natural de uma região única, que integra o Parque Nacional da Peneda-Gerês.”
A ligação às empresas, ao setor cooperativo e ao território
Reforçando o compromisso com o desenvolvimento integral e coeso do território, será criado, acrescenta o Nuno Vieira e Brito, “o HUB do Centro de Experimentação e Transferência de Tecnologia do Alvarinho, em coordenação com a UTAD e a Câmara de Melgaço, dando continuidade ao trabalho do NUTRIR-IPVC, com foco na experimentação, transferência de conhecimento e apoio à sustentabilidade e competitividade das PME vitivinícolas da casta Alvarinho.”
Formação, jovens talentos e reforço da missão do IPVC
Sendo um centro de valorização e transferência de tecnologia, o conhecimento e a inovação são fundamentais. Por isso, o 3AR assume-se também como um espaço de acolhimento e colaboração para estudantes, recém-formados e investigadores na área da inovação agroalimentar.
Atendendo ao papel fundamental que desempenha em matéria de coesão, projeção e desenvolvimento do território, o Politécnico de Viana do Castelo assume um papel de relevo em todo este processo: “É fundamental, através da capacitação dos agentes locais e da dinamização territorial por via de projetos concretos, promover a competitividade e gerar valor nos espaços associados aos sistemas de produção agro-silvo-pastoril humanizados. O IPVC pode, e deve, liderar esse processo no seu território natural, preservando identidade, fixando população e fortalecendo o tecido socioeconómico regional”, reforça o presidente do IPVC.
O 3AR tem ainda como parceiros a Confagri, associações de criadores de raças autóctones, a Adega Cooperativa, a Caixa Agrícola do Noroeste, assim como entidades como a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), REN, Maribérica, Proenol, Quinta do Solheiro e RURIS, entre outras, que “reforçam a sua dimensão regional e nacional.”